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Reflexões à beira da máquina de lavar

Lavar roupa é uma tarefa complicada para um escritor. O barulho da máquina de lavar batendo as roupas, o vai e vem da água: tudo atua em conjunto para fazer a mente viajar a milhares de quilômetros por hora e ir longe, bem distante, quase em outro planeta (ou pelo menos chegando em locais nunca antes habitado por nenhum pensamento, digamos, saudável).

E foi observando a máquina lavar boa parte das minhas camisas que comecei a pensar sobre a moda. Essa coisa de estar ou não na moda é uma coisa engraçada! O que é moda hoje, amanhã é antiquado. O que veste bem num dia, no outro não serve nem para dormir. E mesmo que você saia pelado por aí, ainda assim as pessoas vão olhar e dizer:

– Ai, andar pelado é coisa mega ultrapassada, da época do Jardim do Éden!

Ah, Eva! Porque mordeste a maçã? Seria tudo tão mais fácil se nada disso tivesse acontecido! A gente não ia ter que se preocupar com roupa para lavar, passar… Nada!

Aliás, a gente sempre bota a culpa na Eva por tudo, mas na verdade a culpa é do Adão! Se Eva estivesse ocupada, ela não iria se preocupar em morder uma maçã! Tanta coisa melhor para fazer lá no Jardim do Éden: só os dois e a natureza…

Ah, Adão… O que você estava fazendo, meu rapaz?

Para o Adão, estar sozinho no jardim do Éden com a Eva deveria ser tipo aquele nosso sonho de criança de estar em um parque de diversões com a roda gigante só pra gente.

Os dois lá, sozinhos no paraíso, um monte de local para explorar, liberdade para fazer qualquer coisa, brincar em tudo à vontade e Adão lá, fazendo não sei o quê e deixando a Eva com tempo livre suficiente para ela ficar de papinho com uma cobra e comendo maçã!

Se bem que eu acho que a serpente é responsável por tudo isso e nos tempos modernos poderia ser comparada àquelas vendedoras que ficam de porta em porta. Elas te param, oferecem um produto, fala que vai melhorar sua vida e depois… bem, depois a gente se dá mal.

Publicado emCrônicas

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