Chegou em casa. Era sexta-feira e o sol acabara de cair no horizonte há poucos minutos. A noite chegava e com ela o silêncio.
Abriu o Facebook e sua grande paixão havia acabado de postar uma frase. Ele curtiu, assim como tudo que ela postava.
Se limitava a isso, tentando demonstrar que estava interessado.
Tinha medo de chegar e conversar, de dizer o quanto ela era importante para a vida dele. Já estava moldado por uma regra cruel que diz que os amantes e românticos são piegas, que ensina que amar é perder tempo quando na verdade o amor não nos faz perceber o tempo passar.
O amor anula o tempo, já diz a música. Mas a solidão faz o tempo parecer se arrastar.
Ele foi até a geladeira, pegou uma cerveja.
Bebeu.
Depois pegou outra, outra e mais outra.
Após a décima garrafa, ele deitou e tentou dormir para ver se o tempo passava mais rápido.
Dormiu.
Acordou de madrugada.
Tinha medo de tentar. Tinha medo de tudo e de qualquer coisa. Era quase um protótipo de ser humano. Era medroso e assustado. Tinha medo de ser feliz.
Foi até a geladeira, pegou mais uma cerveja, voltou para o Facebook.
Sua amada havia postado uma foto.
Ele curtiu.
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