Acordo às cinco da manhã e percebo que o sono foi embora. Falo para mim mesmo:
– Vou levantar um pouco mais cedo para escrever antes de ir trabalhar.
Levanto. Estômago reclama:
– Tô vazio!
Ignoro. Ele insiste:
– EU DISSE QUE ESTOU VAZIO! VÔ DOER!
Ele dói.
Perco a luta e gentilmente sou forçado a preparar um chá para comer com um pedaço de bolo.
Enquanto como, ligo o computador. Abro o editor de textos, seleciono o arquivo a ser editado e o Windows:
– Preciso reiniciar!
Ignoro. Ele insiste:
– Preciso reiniciar ou as atualizações de segurança não farão efeito e você ficará desprotegido.
Reinicio enquanto tomo chá com bolo. Na sequência, crise de espirro. O uso de máscara por causa da pandemia provoca uma das coisas que mais odeio: espirrar. Uns três ou quatro em sequência. Logo depois, crise de soluço. Uns quatro seguidos.
“Preciso ver isso!”, penso.
Mas, deve ser genético. Minha mãe também tem.
Logo depois, a bexiga reclama:
– Tô cheia! Preciso ser esvaziada.
Nem discuto com ela. Essa luta já começa perdida e bastante prejudicial se for iniciada.
Quando o computador encerra o processo, novamente abro o editor de textos, seleciono o arquivo a ser editado e o Windows:
– Uma nova atualização foi instalada! E seus arquivos da pasta compartilhada foram atualizados. E tem ainda uma nova versão do aplicativo X, você adicionou 3 arquivos na pasta compartilhada, hoje é aniversário de fulano de tal, você tem 15 e-mails não lidos… blá, blá, blá…
Quando percebo, já se passaram 40 minutos e nenhuma linha escrita. E a inspiração que me habitava, foi embora.
Decido, então, voltar a usar máquina de escrever e fraldas para adultos.
Logo depois, bocejos. O sono voltou.
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