Uma vez perguntaram sobre meus monstros interiores. Todos temos medos, angústias, tristezas e decepções que caminham com a gente e vira e mexe dão as caras como se dissessem:
“Oi, tô aqui para te assombrar. Lembra de mim?”
Sim, dor. Todo mundo lembra de você e eu me recordo de você muito bem. Às vezes você dorme comigo, outras tantas acordamos juntos e quase sempre vivemos/almoçamos/trabalhamos juntos.
Algumas dores se fazem presente, tiram a concentração, impedem de progredir, de tentar, de sonhar. Outras não te permitem perceber a curva, outras agem como sombras, te acompanhando em cada corredor ou estrada.
Elas sempre estão e estarão à espreita, prontas para atacar.
E quando me perguntaram sobre meus monstros interiores, eu respondi:
“Eles estão aqui. Sempre estarão, na verdade. Aprendi a conviver com eles e seguimos juntos. Já tentei me desvencilhar e não consegui. Então, fizemos um acordo: quando querem atacar, dou espaço, mas desde que eles me deixem pelo menos ver o sol enquanto mostram suas forças. O importante é não medir forças, a não ação é uma forma de resposta”.
Os sentimentos, seja qual for a natureza deles, coexistem desde sempre com a gente. Negá-los é uma bobagem pois não se represa uma cachoeira em plena queda. É necessário aceitá-los e vivenciá-los. Eles nunca vão embora.
Precisamos encaixá-los na nossa vida e entender que um olhar vazio às vezes significa um coração dilacerado, um silêncio é sinal de uma dor machucando fundo, uma lágrima não é fraqueza, mas uma pergunta: até quando?
E a força para não medir forças um dia vem.
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