Certa vez fui obrigado a ler “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo e foi uma das piores experiências da minha vida literária. Está marcado, incrustrado na minha memória. Talvez um trauma? Não sei e não vem muito ao caso neste momento.
O que sei, e posso garantir, é que jurei para mim que nunca mais leria nada tão chato exceto se não fosse obrigado, mas a vida me pegou uma peça. Em 2020, impulsionado por uma campanha de marketing muito bem feita, comprei “As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle”.
Animado com a sinopse, que prometia uma obra no estilo de Agatha Christie, que adoro, inclusive, furei a minha enorme fila de leitura e comecei logo depois de baixar o livro no meu Kobo. Após ler 13% da obra (ou 53 páginas), parei pois comecei a cansar com o ritmo moroso, que me fazia dispersar facilmente.
Corta para o dia março de 2023. Reiniciei a leitura com o intuito de ir até o fim a todo e qualquer custo. Retomei a leitura a partir do ponto onde parei e então, como diz uma amiga, foi só ladeira abaixo. Tudo que tinha detectado lá atrás, quando comecei, se confirmou menos de 30 páginas depois da retomada e a leitura se tornou uma experiência pior do que aquele que tive com o título que citei na abertura desse texto.A ideia de “As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle” é boa, porém muito mal executada, extremamente longo, excessivamente descritivo e isso torna a leitura maçante em diversos momentos, fazendo acreditar que a história não anda. Também tive a sensação de que algumas analogias são usadas desnecessariamente, sem qualquer impacto na narrativa, novamente longas assim como as descrições, servem apenas para inflar o tamanho do texto.
O livro chega a ser cansativo muitas vezes e isso transforma as reviravoltas em pontos que deixam de ter importância pois o cansaço já dominou e, com isso, continuar se transforma em uma questão de honra. Por fim, o excesso de personagens confunde e, considerando os vai e vens no tempo, tudo fica muito confuso e difícil de acompanhar.
Acredito que, no formato em que foi escrito, funcione muito bem nas telas (série ou filme). Como livro não deu muito certo. Uma amiga, inclusive, disse para ler outra vez, mas não esse é um livro que não quero ler novamente.
Para não parecer um leitor amargo, gostaria de ressaltar que, apesar de avaliar o livro negativamente, o autor é bom, tem um texto ótimo, bastante criativo e com um talento enorme para a descrição, o que, até certo ponto, ajuda a inserir o leitor no universo proposto. Porém, acredito ser necessário usar isso com parcimônia e, na contramão, usar também o ritmo narrativo para fisgar o leitor.
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