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Aquele meme

Eu sempre lembro de você quando vejo aquele meme. Pode parecer bobagem, ou loucura, ou absurdo (ou tudo junto), mas aquilo ficou na minha memória afetiva e ainda hoje me pego pensando em quando você me chamava só para dizer uma frase que viralizou naquela época.

Sim, faz tempo. É algo da época que meme não chamava meme, de quando a gente se comunicava via MSN e interagia no Orkut. O Twitter ainda dava poucos passos, o Facebook não era tão relevante quando o assunto era rede social e ter um perfil por lá era algo sem muita necessidade, pois quase ninguém usava a novidade.

O tempo passou, o MSN deixou de existir, o Twitter mudou de mãos e hoje está com o futuro indefinido, o Facebook tomou o lugar do Orkut e agora faz parte da Meta que, por sua vez, é dona do Instagram e do Whatsapp, coisas que nem existiam na época. Mas, mesmo assim, eu ainda lembro daquele meme.

Talvez ele tenha um significado subliminar muito forte para mim, por ser a lembrança de alguém que passou pela minha vida de forma doce, mas marcante e profunda o suficiente para, me perdoe o clichê, se tornar inesquecível.

Nunca tive qualquer ilusão a respeito de nada, mas boas memórias simplesmente existem e são inerentes a qualquer coisa. E é muito doce lembrar daquele meme e das memórias que naturalmente chegam no pacote, das brincadeiras e comentários que eu fazia e só você entendia, das brincadeiras e comentários que você fazia e só eu entendia, uma reciprocidade naturalmente forjada e da qual às vezes, confesso, sinto falta.

Eu ainda lembro do primeiro dia que a gente se viu. Você passou do meu lado e minha atenção se voltou quase que imediatamente para o seu sorriso. Tivemos nossos momentos de conversa, troca, ajuda mútua e até mesmo saímos juntos uma ou duas vezes, trocamos informações e orientações sobre os mais diversos assuntos.

Parecia um roteiro quase perfeito, mas todo carnaval tem seu fim e nossa história também findou. Tão rápida como começou, tão sutil como começou e tão doce como começou. A diferença é que eu nunca imaginei que um dia te conheceria, mas desde o início eu sempre soube que um dia a gente se separaria.

Outro dia, olhando o mar pela tela da minha TV de infinitas polegadas e cheia de tecnologia, daquela que transforma tudo em quase realidade, lembrei de você. Era uma cena de um documentário qualquer, mas a cena da água indo e vindo serviu como gatilho para minha memória entrar em ação. 

Foi mais uma das diversas vezes que lembrei dos nossos papos sobre a vida, expectativas e experiências, sonhos e vontades. Apesar de melancólico, foi doce lembrar do respeito que sempre tivemos e da admiração que carregamos naqueles anos.

Antes de me despedir, queria dizer que outro dia vieram falar de você. Fui revirar umas fotos antigas que ainda guardo e confesso novamente que te stalkeei nas redes sociais e pude perceber que mesmo após tantos anos, o que eu sinto não mudou, segue no mesmo lugar ou no mesmo “potinho”, como dizem algumas pessoas. E pude enfim perceber que o encanto que eu sempre tive mudou pouco ao longo do tempo, mesmo com as memórias persistentes.

Mas, por outro lado, essas memórias só persistem por ter sido algo tão delicado, pois a vida, de fato, é feita de um emaranhado de sutilezas, de doçuras, de gentilezas e encantamentos inesperados. A vida, de fato, é leve. A vida é uma sutileza e a memória talvez seja uma forma de sinalizar que o sol sempre está brilhando mesmo quando tudo que a gente vê à nossa volta é um enorme feixe escuro de luz que parece nos engolir.

E talvez seja por isso que eu lembro de você quando vejo aquele meme.

Um forte abraço.

Publicado emCartas de Amor Nunca Enviadas

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