Às vezes bate o cansaço da realidade e criamos mundos onde as coisas são quase perfeitas ou, pelo menos, os problemas a serem enfrentados são menores que os da vida real.
Eu também criei um mundo inventado onde não falta aquele sorriso que talvez jamais aconteça, recheado da espontaneidade que faz tão bem e com problemas corriqueiros superados sem grandes percalços e sem traumas.
Eu criei um mundo inventado não como fuga ou idealização, mas como uma espécie de refúgio. O mundo, e suas regras estúpidas, às vezes cansa e fazer parte de uma realidade um pouco mais doce acaba por motivar a seguir no caminho que acredito ser o melhor.
No meu mundo inventado tudo é igual à vida real, mas com cores mais nítidas, com emoções verdadeiras, sem sentimentos pasteurizados, sem disfarces ou melindres. Tudo é dito, exposto, as vontades são saciadas respeitosamente e os “nãos” possuem justificativas que fazem sentido.
Não é um mundo perfeito e nem de longe é o mundo que eu queria. É um mundo onde o concreto é um pouco menos frio e monocromático, onde a solidão é preenchida com uma presença distante e cheia de sentimento verdadeiro e onde a vida flui como uma nascente selvagem.
É um mundo onde não falta a troca honesta, espontânea e descompromissada, onde algumas regras sociais perdem o sentido e onde a felicidade sempre encontra um jeito de dar as caras.
É um mundo onde não falta um abraço especial e mesmo que o choro venha, ele sempre encontra amparo em um olhar, um abraço, um toque.
É, por fim, um mundo sem expectativas, mas com muita esperança de que a verdade do coração encontre uma morada e abandone a solidão das eternas ruas escuras onde um dia bateu de porta em porta e hoje, cansada, simplesmente caminha desolada.
E essa morada não precisa ser grande ou luxuosa pois o sol consegue brilhar por meio de qualquer fresta, por menor que ela seja. Essa morada só precisa existir.
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