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Carta à minha primeira paixão

Quando tudo acabou entre a gente, eu fiquei indignado. Acreditei ter sido um idiota ou mais um injustiçado quando, na verdade, não tinha que ter sido. Hoje vejo o quanto somos diferentes e o quanto não temos nenhum objetivo em comum. Mas, apesar de tudo, eu ainda lembro de você. E escrevo esse texto para tentar te perdoar e me livrar dessa dor.

Sim, eu de fato gostei de você. Todas as palavras que eu disse, todas as verdades que deixei sair eram coisas da parte mais profunda da minha vida. Eu me preparei para a sua chegada e me joguei de cabeça, mas nossas estradas nunca foram paralelas: elas apenas se cruzaram em um determinado ponto para que cumpríssemos uma parte da missão da nossa jornada.

Sua presença na minha vida foi o ponto de partida para minha jornada em busca de mim mesmo. Por muito tempo doeu, e confesso que ainda dói lembrar de tudo, mas a vida tem me mostrado que é preciso perdoar e seguir. Não tivemos culpa, você não teve culpa. Mas, foi depois de te conhecer que eu percebi que precisava ganhar o mundo.

Hoje eu ainda tenho alguns medos e traumas, mas luto contra eles. A forma como encarei e entendi o que passamos gerou tudo isso e hoje tenho um quarto cheio de entulhos com o seu nome na porta junto com tantos outros nomes que eu mesmo escrevi. Mas, estou limpando tudo, revisitando cada história e enfim entendendo que isso foi o que vivi e é parte da minha trajetória.

Talvez você não saiba, mas depois do nosso fim eu demorei a suportar a dor de te ver longe. Foram muitos anos até eu ter forças e vontade de me envolver novamente. Foram mais tantos outros anos até eu olhar no espelho e dizer para mim mesmo que eu não sou aquilo que me fizeram acreditar a vida toda, mas sim a verdade que trago dentro de mim.

Enfim posso dizer que seu papel foi fundamental em toda essa trama. A dor do nosso fim fez eu me perder, mas eu de fato precisei me perder para enfim conseguir me encontrar e me aceitar verdadeiramente.

Ao longo do tempo a vida tem insistido em me colocar no eixo, mas às vezes ainda sinto o frio do passado bater à minha porta por medo de me jogar naquilo que acredito com fé e verdade. Por outro lado, eu sei que apenas quando fizer isso, a felicidade finalmente tomará corpo e a estrada passará a ser iluminada com a luz da verdade. Afinal, é assim que tem que ser.

Publicado emCartas de Amor Nunca Enviadas

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