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As barreiras que construímos para nós mesmos

Estava ouvindo uma música do grupo A1 na voz da cantora Sarah Brightman chamada “He Doesn’t See Me”. A letra conta a história de alguém apaixonado que se coloca numa situação de total submissão e inferioridade, se achando não merecedor do amor do outro. Um trecho da letra me chamou a atenção e transcrevo a seguir em tradução livre. A letra original está aqui:

Há fronteiras
Que ultrapassamos mesmo com a guerra
Mas parecemos não conseguir ultrapassar
Aquelas que nós mesmos criamos

Ao longo da vida criamos diversas crenças limitantes que impedem o nosso progresso. Quantas vezes nos pegamos pensando “nunca vou conseguir ganhar mais do que isso que ganho por mês por que sou fraco”, ou “não vou conseguir trabalhar nesse lugar nunca”. Essas barreiras são construídas mais fortemente quando gostamos de alguém. Temos vergonha de sentir, medo de gostar e nos sentimos inferiores por sermos verdadeiros.

São barreiras que criamos e que não conseguimos ultrapassar, como bem diz a letra da música. Elas não existem. Essas muralhas são construídas cuidadosamente por nós mesmos com o intuito de se diminuir, de se reduzir, de se automutilar. Isso acontece por conta de uma autoestima ferida, por conta de um amor mal semeado. Por conta da falta de amor-próprio.

A falta do autoamor destrói a relação que temos conosco. Passamos a nos podar, a nos colocar limites intransponíveis para qualquer mortal, inclusive para nós, seus próprios criadores, e a exigir coisas que nem o Criador exigiria de nós mesmos. Neste ponto é como se invertêssemos o mandamento do amar ao próximo como a ti mesmo, amando mais ao outro que a nós mesmos, por carência e por ver no outro a lacuna que nos falta.

E, curiosamente, apesar de nós mesmos a construir, não sabemos como ultrapassá-las. Isso acontece porque ao invés de usar o conhecimento que temos sobre ela para vencê-la, usamos tudo que sabemos para aumentá-la, deixando-a cada vez maior, sem perceber que há um limite. É como se criássemos uma imensa torre de Babel com os nossos gritos e clamores, que desaba em forma de crise ou até mesmo com a chegada de uma doença ou a morte.

Se somos os criadores dessa muralha, também somos os únicos responsáveis por sua demolição. Somente nós sabemos o porquê dela ter sido construída, quais elementos foram usados no processo e quais materiais foram usados na construção. Devemos usar o tudo que sabemos sobre ela para quebrar os conceitos que temos sobre nós mesmos e torná-la um entulho.

Procure saber mais sobre você, seus limites e prazeres, o que tem a oferecer. Isso é a munição da arma mais poderosa que temos para reduzir a pó essa barreira: o autoconhecimento.

Publicado emCrônicas

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