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O nosso jeito de falar

Eu tenho preguiça de quem cria caso por causa da nossa variação linguística. Não falo das pessoas que o fazem por provocação ou brincadeira, pois isso é saudável. Falo de quem realmente leva a sério e usa tom de censura e até de repúdio por causa do uso de biscoito ou bolacha em uma frase, se estendendo por outras tantas variações como mandioca x macaxeira x aipim ou tangerina x mexerica x bergamota.

Nosso país é gigante, possui diversas influências em sua formação linguística e é natural que essas questões ocorram. Não me venha exigir que eu, que cresci a vida toda falando bolacha recheada mude o meu jeito de falar e passe a dizer biscoito recheado pois é assim que se fala na sua região. Caso contrário, terei o direito de viajar para a sua cidade e exigir que o pão do seu café da manhã passe a se chamar Pão Francês independente do nome que ele tenha para você.

Ao invés de repudiar, deveríamos nos divertir com essas variantes, os dialetos, seja ela mineiro, carioca, gaúcho, baiano, pernambucano, sulista, paulistano… O nosso jeito de falar é naturalmente múltiplo e pouco importa a forma que ele toma, e sim que nos entendamos. Assim, não existe regra, não existe certo ou errado, não existe padrão. Existe compreensão ou não.

Quando mudei para o litoral de São Paulo, estranhei muito pedir o filão do café da manhã pelo nome de média. Quando comecei a me acostumar, mudei para a capital do Estado e tive que aprender a dizer pãozinho pois média, por aqui, é outra coisa.

Se um dia eu for para o Nordeste, terei que aprender a pedir por jerimum ao invés de abóbora. Da mesma forma, alguém que veio de lá terá que acrescentar um novo verbete ao seu vocabulário. Simples assim, seja lá quantos beijinhos no rosto a gente troque quando se conhecer.

Publicado emCrônicas

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